Fandango do Paraná: dezembro 2012

FANDANGO PARANAENSE

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

FELIZ NATAL!


 DESEJAMOS A TODOS QUE FREQUENTARAM O BLOG EM 2012 QUE O ANO DE 2013 SEJA REPLETO DE FELICIDADES!
(já que afinal de contas o mundo não acabou como previram os maias!)
UM FELIZ NATAL A TODOS COM A BENÇÃO DE DEUS!

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

JOSÉ SQUENINE E PEDRO MIRANDA

Uma pequena e respeitosa homenagem ao passamento (falecimento) do mestre de fandango, Sr. Zé Squenine, neste triste dezembro de 2012.

Publicado por Carlos Augusto Cornelsen (Pakho)
 

JOSÉ SQUENINE FALANDO SOBRE O FANDANGO EMSUPERAGUI

Seu José Squenine (in memorium) fala sobre o fandango em Superagui

CHAMARRITA

O fandango Deus deixou, O fandango Deus deixou, pro regalo da pobreza
O fandango Deus deixou ai, ai pro regalo da pobreza.


Pro regalo da pobreza, quando ele vai no fandango, quando ele vai no fandango
Não se alembra da riqueza ai, ai não se alembra da riqueza.


Quando eu pego na viola, quando eu pego na viola, meu dedo se determina
Quando eu pego na viola ai, ai meu dedo se determina.


Meu dedo se determina, eu bulo na corda grossa, eu bulo na corda grossa
Eu bulo na corda grossa, arrespondo na corda fina.


Vamos dar a despedida, vamos dar a despedida, meu camarada irmão
Vamos dar a despedida ai, meu camarada irmão ai.


Meu camarada irmão, por ti eu darei a vida, por ti eu darei a vida
Por ti eu darei a vida ai, por outro darei ou não, ai.

CHAMARRITA

A viola não é minha, minha querendo será
A viola não é minha, minha querendo será


Se o dono quiser vender ai, meu dinheiro pagará
Se o dono quiser vender ai, ai meu dinheiro pagará


Eu toco minha viola, vóis tocar vossa rabeca
Eu toco minha viola, vóis tocar vossa rabeca


As moças que estão dançando, não são moças são bonecas
As moças que estão dançando, não são moças são bonecas


O meu pai não me deu mestre, minha mãe não me ensinou
O meu pai não me deu mestre, minha mãe não me ensinou


Não sei por que eu puxei ai, violeiro e cantador
Não sei por que eu puxei ai, violeiro e cantador ai


Vamos dar a despedida com dor no meu coração
Vamos dar a despedida com dor no meu coração


Como é bonito de ver ai, esse povo no salão ai
Como é bonito de ver ai, esse povo no salão ai

DOMDOM

Eu aqui cós camarada, vem cá, vem cá
Nós junto sempre cantamo, vem cá, vem cá

Vem cá morena, to te chamando
Se queres o meu amor, vem cá, vem cá

Viva o cravo e viva a rosa, vem cá, vem cá
Que nós hoje se ajuntamo, vem cá, vem cá

Vem cá morena, to te chamando
Se queres o meu amor, vem cá, vem cá

Abaixai-vos limoeiro, vem cá, vem cá
Que eu quero quatro limão, vem cá, vem cá

Vem cá morena, to te chamando
Se queres o meu amor, vem cá, vem cá

Eu quero te dar uma rosa, vem cá, vem cá
Que tenho no coração, vem cá, vem cá

Vem cá morena, to te chamando
Se queres o meu amor, vem cá, vem cá

Vamos dar a despedida, vem cá, vem cá
Cuitelinho do jardim, vem cá, vem cá

Vem cá morena, to te chamando
Se queres o meu amor, vem cá, vem cá

Foi ele que me ensinou, vem cá, vem cá
Eu me despedir assim, vem cá, vem cá

Vem cá morena, to te chamando
Se queres o meu amor, vem cá, vem cá

DOMDOM

Eu quero bem à viola, lai, lai

Dentro do meu coração, lai, lai, Lai, ô, laí, ri, lai, lai

Porquê ela me acompanha, lai, lai

Na minha vadiação, lai, lai, Lai, ô, laí, ri, lai, lai

Eu tenho meu pé de rosa, que embaralha com o vento

Todo passarinho passa, só meu bem primeiramente

Namoro não é desprezo, lai, lai

É o prazer de tanta gente, lai, lai, Lai, ô, laí, ri, lai, lai

Vamos cantar mais um verso, lai, lai

Pra depois nos despedir, lai, lai, Lai, ô, laí, ri, lai, lai

Foi sina que Deus nos deu, lai, lai

Isso queremos cumprir, lai, lai, Lai, ô, laí, ri, lai, lai

Eu tenho meu pé de rosa, que embaralha com o vento

Todo passarinho passa, só meu bem primeiramente

Namoro não é desprezo, lai, lai

É o prazer de tanta gente, lai, lai, Lai, ô, laí, ri, lai, lai

Meu camarada irmão, lai, lai

Despedida vamos dar, lai, lai, Lai, ô, laí, ri, lai, lai

Vamos acabar essa moda, lai, lai

Pra n´outra continuar, lai, lai, Lai, ô, laí, ri, lai, lai

Eu tenho meu pé de rosa, que embaralha com o vento

Todo passarinho passa, só meu bem primeiramente

Namoro não é desprezo, lai, lai

É o prazer de tanta gente, lai, lai, Lai, ô, laí, ri, lai, lai

MARINHEIRO

Vou me embora, vou me embora
Corrê a costa do mar, marinheiro me leva
Se eu for vivo eu voltarei, Se a morte não me levar,, marinheiro me leva


Marinheiro me leva, para o barco de guerra,
Quero ver a açucena, que é de cravo e canela
Açucena é bonita, que é de lá de outra terra


Tão longe do meu amor, não posso falar com ela, marinheiro me leva
Estão pronto vão andando, O que é que tão fazendo, marinheiro me leva
O tempo ta se passando, O amor que ta se perdendo, marinheiro me leva


Marinheiro me leva, para o barco de guerra,
Quero ver a açucena, que é de cravo e canela
Açucena é bonito, que é de lá de outra terra
Tão longe do meu amor, não posso falar com ela, marinheiro me leva

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

26.000 VISITAS

Chegamos em 26.000 visitas com uma grande tristeza pela perda do seu José Squenine. Mas a vida segue e no céu vai ter fandango mais uma vez!
Obrigado a todos pelos acessos e Fique com Deus Tio Zé!

domingo, 9 de dezembro de 2012

FALECEU JOSÉ SQUENINE - FANDANGUEIRO DE SUPERAGUI


Foto Daniel Caron
Faleceu hoje o seu José Squenine. Descendente de Willian Michaud, era fandangueiro na ilha de Superagui.
Seu Zé animava os bailes de fandango no Akdov com seu jeito irreverente e crítico. Alegre e contador de histórias me ensinou muito sobre o fandango.
Quando comecei a aprender viola não conseguia entender direito os acordes. Depois de um tempo que o tio Zé me disse: "você não pode tirar o dedo daqui nunca!" e aí esclareceu o mistério do acorde.
José Squenine vai deixar muitas saudades a todos que frequentavam Superagui, o bar Akdov, seus amigos e familiares.
Fique com Deus tio Zé!

Uma de suas modas de fandango, o Boi Bandido:


BOI BANDIDO
Dondom
José Squenine – Barra do Superagui/PR
 
Fui fazer minha caçada
Que já tinha prometido
Não convidei mais ninguém
Só convidei meus amigos.
Quando cheguei lá no porto
O sol já tinha saído
Só pensei comigo mesmo
A caçada está perdida.
 
Fui entrando mato adentro
A procura do inimigo
Quando eu ia caminhando
Só escutei um rugido
Pedi pra Nossa Senhora
Nos livrai desse perigo.

Numa curva do caminho
Avistei o inimigo
Peguei na minha espingarda
O tiro já tinha saído
No outro lado do rio
O monstro estava caído
Vou falar pra todo mundo
Já matei o boi bandido.

Foto Marcos Flavio Malucelli



quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

REGRAS DO BAILE DE FANDANGO

Aprender a dança caiçara não é tarefa difícil, mas é preciso conhecer alguns costumes para não cometer nenhuma gafe no salão:

O relógio marca 22 horas e os músicos já estão a postos. Com a viola na mão, o mestre fandangueiro Nemésio Costa avisa: “O baile vai começar e a festança só acaba às 4 horas da matina”. Em volta do tablado – de tábuas largas e flexíveis para ressaltar a sonoridade das batidas do tamanco –, montado no centro do Mercado do Café, em Paranaguá, a disputa das damas pelo melhor lugar nas poucas mesas disponíveis é grande. Afinal, quanto mais próximas da pista, maior é a chance de serem convidadas a dançar uma moda.
Elas vão chegando aos poucos, acompanhadas de seus esposos e namorados ou, na maioria das vezes, de amigas fandangueiras. A produção é feita com esmero: vestidos de festa, maquiagem impecável e perfume no ar. Os cavalheiros não ficam atrás e também capricham no traje para impressionar o público feminino. A vestimenta, contudo, é apenas um mero detalhe neste cenário, onde o importante é ter um bom bailado. 

O convite
No baile de fandango do Mercado do Café, as damas são maioria. Sentadas nas mesinhas, elas abanam seus leques e aguardam um convite para dançar, enquanto os homens vão fazendo suas escolhas. Figuras já conhecidas, José Cardoso, o Zequinha, de 75 anos, Seme Balduino, de 68 anos, e Claro Gonçalves de Oliveira, de 76 anos, não arredam o pé do tablado nem durante o intervalo entre uma moda e outra. Quando uma música para, já retornam ao centro da pista e voltam os olhos para as mesinhas, em busca da próxima companheira para bailar.
Muitas vezes o convite é feito de forma tão discreta que chega a ser imperceptível. Basta um olhar, um gesto rápido com a mão ou um sinal com a cabeça para a senhora se aproximar. Antigamente, um convite recusado significava, para a dama, passar o restante da noite na cadeira: caso fizesse uma desfeita a um cavalheiro e aceitasse ir para a pista com outro, a briga era certa. Hoje, mesmo sem a imposição, dificilmente uma dança é recusada.
Convite feito e aceito, o tablado vazio vai se enchendo de pares rapidamente. Quando duas mulheres são avistadas dançando juntas é sinal de que está faltando homens de atitude no baile. Ou ainda, de que os cavalheiros estão deixando a desejar, brincam os fandangueiros experientes. A tradição manda que, rapidamente, dois homens subam ao tablado e tirem cada uma das damas para a dança. Convidar apenas uma delas seria uma grande grosseria, dizem os frequentadores. 

Cortejo
Um cavalheiro interessado em cortejar uma dama no baile deve, em sinal de respeito, tirar para dançar primeiro a mãe da moça, caso ela esteja no salão. Mas, se a avó (ou até a bisavó) da garota também estiver no baile, elas têm prioridade nos primeiros passos. Isso vale também para quem chega pela primeira vez em um baile de fandango. Um homem respeitador convida, primeiramente, a senhora de mais idade do salão para a primeira moda.
Outra tradição fandangueira levada a sério é a de que no baile não se beija. Discrição é palavra de ordem. Se a dama tiver interesse pelo cavalheiro, e ambos forem desimpedidos, ela pode demonstrar isso com um aperto na mão do companheiro durante a dança. Se for correspondida, o encontro pode ser combinado, mas só após o final da festa, já que ninguém quer largar o baile no meio.

 

QUER CONHECER O FANDANGO, MAS NÃO SABE ONDE TEM?

Se você não conhece o fandango caiçara e tem vontade de conhecer, em Paranaguá existem vários lugares onde os fandangueiros se encontram para apresentações ou violadas:

Mercado do Café
No pátio do mercado ocorre um baile a cada primeiro sábado do mês, a partir das 22 horas.
Endereço: Rua General Carneiro, s/nº. Centro Histórico.
Informações: (41) 3420-2936 e (41) 3420-2929. Entrada franca.

Clube do Mangue Seco (Bar do Pedro)
Local de ensaio e bailes, organizado pelo grupo Pés de Ouro.
Endereço: Rua 21, s/nº, Vila Bela, Ilha dos Valadares.
Informações: (41) 3425-5699.

Bar dos Artistas
Do rabequista Pedro Pereira, algumas “violadas” são organizadas nos finais de semana.
Endereço: Rua 33, s/nº, Campo do Canarinho, Ilha dos Valadares.
Informações: (41) 3424-3488.

Bar do Arnoldo
 Pertence ao violeiro Arnoldo Costa, que organiza algumas festas nos finais de semana.
Endereço: Rua 32, s/nº, Vila Bela, Ilha dos Valadares.
Informações: (41) 9198-9104 .

Casa do Fandango
 A casa foi inaugurada em 2003 pelo Mestre Eugênio dos Santos, violeiro falecido no final de 2011.
Endereço: Rua 28, s/nº, Sete de Setembro, Ilha dos Valadares.
Informações: (41) 9137-3752.

Casa de Romão Costa
Local de ensaio do grupo folclórico Mestre Romão.
Endereço: Rua 28, nº 1571, Sete de Setembro, Ilha dos Valadares.
Informações: (41) 3423-2504.

Casa de Waldemar e Benedita Cordeiro
Local de ensaio do Grupo Valadares Mestre Basílio.
Endereço: Rua 26, s/nº, Sete de Setembro, Ilha dos Valadares.
Informações: (41) 3425-5584.

Associação de Cultura Popular Mandicuera
Local de oficinas e ensaios.
Endereço: Rua 49, nº 100 (fundos), Sete de Setembro, Ilha dos Valadares.
Informações: (41) 9125-1385.