Fandango do Paraná: REGRAS DO BAILE DE FANDANGO

FANDANGO PARANAENSE

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

REGRAS DO BAILE DE FANDANGO

Aprender a dança caiçara não é tarefa difícil, mas é preciso conhecer alguns costumes para não cometer nenhuma gafe no salão:

O relógio marca 22 horas e os músicos já estão a postos. Com a viola na mão, o mestre fandangueiro Nemésio Costa avisa: “O baile vai começar e a festança só acaba às 4 horas da matina”. Em volta do tablado – de tábuas largas e flexíveis para ressaltar a sonoridade das batidas do tamanco –, montado no centro do Mercado do Café, em Paranaguá, a disputa das damas pelo melhor lugar nas poucas mesas disponíveis é grande. Afinal, quanto mais próximas da pista, maior é a chance de serem convidadas a dançar uma moda.
Elas vão chegando aos poucos, acompanhadas de seus esposos e namorados ou, na maioria das vezes, de amigas fandangueiras. A produção é feita com esmero: vestidos de festa, maquiagem impecável e perfume no ar. Os cavalheiros não ficam atrás e também capricham no traje para impressionar o público feminino. A vestimenta, contudo, é apenas um mero detalhe neste cenário, onde o importante é ter um bom bailado. 

O convite
No baile de fandango do Mercado do Café, as damas são maioria. Sentadas nas mesinhas, elas abanam seus leques e aguardam um convite para dançar, enquanto os homens vão fazendo suas escolhas. Figuras já conhecidas, José Cardoso, o Zequinha, de 75 anos, Seme Balduino, de 68 anos, e Claro Gonçalves de Oliveira, de 76 anos, não arredam o pé do tablado nem durante o intervalo entre uma moda e outra. Quando uma música para, já retornam ao centro da pista e voltam os olhos para as mesinhas, em busca da próxima companheira para bailar.
Muitas vezes o convite é feito de forma tão discreta que chega a ser imperceptível. Basta um olhar, um gesto rápido com a mão ou um sinal com a cabeça para a senhora se aproximar. Antigamente, um convite recusado significava, para a dama, passar o restante da noite na cadeira: caso fizesse uma desfeita a um cavalheiro e aceitasse ir para a pista com outro, a briga era certa. Hoje, mesmo sem a imposição, dificilmente uma dança é recusada.
Convite feito e aceito, o tablado vazio vai se enchendo de pares rapidamente. Quando duas mulheres são avistadas dançando juntas é sinal de que está faltando homens de atitude no baile. Ou ainda, de que os cavalheiros estão deixando a desejar, brincam os fandangueiros experientes. A tradição manda que, rapidamente, dois homens subam ao tablado e tirem cada uma das damas para a dança. Convidar apenas uma delas seria uma grande grosseria, dizem os frequentadores. 

Cortejo
Um cavalheiro interessado em cortejar uma dama no baile deve, em sinal de respeito, tirar para dançar primeiro a mãe da moça, caso ela esteja no salão. Mas, se a avó (ou até a bisavó) da garota também estiver no baile, elas têm prioridade nos primeiros passos. Isso vale também para quem chega pela primeira vez em um baile de fandango. Um homem respeitador convida, primeiramente, a senhora de mais idade do salão para a primeira moda.
Outra tradição fandangueira levada a sério é a de que no baile não se beija. Discrição é palavra de ordem. Se a dama tiver interesse pelo cavalheiro, e ambos forem desimpedidos, ela pode demonstrar isso com um aperto na mão do companheiro durante a dança. Se for correspondida, o encontro pode ser combinado, mas só após o final da festa, já que ninguém quer largar o baile no meio.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário